Justiça manda CBF revogar portaria que divide título de 1987

O juiz da 2ª Vara da Justiça Federal, Francisco Alves, notificou nesta terça-feira (1º) a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o seu presidente, Ricardo Teixeira, determinando a revogação da portaria sobre o título brasileiro de 1987. Na portaria, a CBF decidiu dividir o título entre Sport e Flamengo. A decisão do juiz deverá ser publicada no diário oficial de quarta-feira (02), segundo informou o vice-presidente jurídico do Leão, João Humberto Martorelli.

Assim que a decisão for publicada no Diário Oficial, a entidade terá 48 horas para reestabelecer o Sport como o único campeão. A CBF ainda pode recorrer da decisão.

A decisão da CBF de considerar o Flamengo também como campeão brasileiro de 1987 foi anunciada no dia 21 de fevereiro. O diretor jurídico da CBF, Carlos Eugênio Lopes, disse que o clube carioca apresentou um estudo complexo pedindo que a CBF reconsiderasse a decisão de 1987 e reconhecesse o Flamengo como campeão junto com o Sport. “O presidente Ricardo Teixeira repassou para mim o estudo e, diante dos novos argumentos, vimos que seria justo e isso não causaria problemas jurídicos a ninguém”, disse.

Carlos Eugênio Lopes considerou os argumentos do Flamengo bastante convincentes e lembrou que após a unificação dos títulos desde 1959 seria injusto não resolver a pendência da Copa União. Na cerimônia de distribuição das faixas, em dezembro do ano passado, Ricardo Teixeira disse que, como havia uma decisão judicial transitada em julgado a favor do Sport, poderia ser preso se desse a taça aos rubro-negros.

A diretoria do Flamengo respondeu com ironia. Em nota oficial, os dirigentes afirmaram que, se Teixeira viesse a ser preso, não seria pela polêmica de 87. Nesta segunda, o diretor jurídico da CBF garantiu que, judicialmente, não há o que o Sport contestar.

Entretanto, o clube entrou com um recurso pedindo a exclusividade do título. “A posição do Sport é muito tranquila. Justiça não se discute, se cumpre. O campeonato já foi julgado pela Justiça e agora voltou à tona. Estou muito tranquilo, pois a Taça das Bolinhas já se encontra no São Paulo. Era uma coisa acabada para mim”, disse Dubeux, na ocasião.

A POLÊMICA
Em abril de 2010, a CBF havia batido o martelo de que a Taça das Bolinhas deveria ser entregue ao São Paulo, oficialmente considerado o primeiro time a ganhar cinco vezes o Brasileiro. Na ocasião, Ricardo Teixeira disse que a decisão era irrevogável. Dois dias antes, Fábio Koff havia sido reeleito presidente do Clube dos 13 com apoio de Patrícia Amorim. Ricardo Teixeira preferia que o eleito fosse Kléber Leite.

Na eleição de Koff, Patrícia estava ao lado de Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo. Na semana passada, o dirigente tricolor recebeu oficialmente a Taça das Bolinhas, apesar dos protestos da diretoria rubro-negra. A CBF argumenta que a taça foi entregue pela Caixa Econômica Federal.

No site oficial tricolor, Juvenal Juvêncio publicou uma carta para dar satisfação a Patrícia Amorim sobre o caso. O presidente foi respeitoso, elogiou Patrícia, mas argumentou que não poderia abrir mão de um troféu "que materializa o símbolo de algumas das mais importantes conquistas desportivas dessa entidade". No dia da entrega da taça, Juvenal comentou que "ia se deliciar" com o troféu.

O Flamengo respondeu com um pedido de busca e apreensão na 50ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio.

1987
O Campeonato Brasileiro da primeira divisão de 1987 foi disputado em dois grupos. O Sport foi campeão e o Guarani foi vice do Módulo Amarelo. O Flamengo foi o primeiro e o Internacional o segundo do Módulo Verde, também batizado de Copa União.

O regulamento previa cruzamento entre os clubes dos dois módulos. Mas Flamengo e Internacional se recusaram a jogar. O Sport venceu o Guarani na final e participou da Libertadores do ano seguinte.
 
O troféu é exibido com destaque na galeria rubro-negra. E o Sport vai exigir a exclusividade acionando a CBF judicialmente. “O Sport é o único proprietário desse título e foi legitimamente ganho dentro de campo e nós não abrimos mão desse título. Já faz parte da nossa história e nós vamos defender nossos interesses”, disse Dubeux.

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